quinta-feira, 28 de junho de 2012

Metrô de Madrid



Madrid/Espanha

Tínhamos acabado de sair do Starbucks depois de uma rodada de café gelado com calda de caramelo. Os vapores fumegantes e o ar sereno ainda na minha mente. A chuva havia cessado, serviu apenas para nos enxarcar. Nós duas sozinhas e toda a esplendorosa Madrid ao nosso redor. Era mais ou menos 1 da madrugada.

Aquelas ladeiras infinitas nos confundiam, e, sem algum mapa junto, apostamos na sorte de encontrar uma estação de metrô para voltarmos ao nosso alojamento. A Jornada Mundial da Juventude havia terminado, as ruas que antes eram infestadas de jovens com bandeirinhas de seus países, agora apresentavam poucas pessoas. Estas andavam rápido e tinham expressões suspeitas.

Eu e ela caminhamos ligeiro, o último metrô saia a 1:30 da madrugada, e não poderíamos perder de maneira alguma. Mal sabíamos chegar até a estação, quanto mais ir apé até Pozuelo de Alarcón. Isso estava fora de cogitação. Dois homens passaram por nós, pareciam nos seguir. Apuramos o passo e um deles assoviou, nos fazendo olhar para trás e parar de caminhar.

De maneira nada escrupulosa, um deles nos convidou para "tomar uma bebida" em um bar mais tarde. Apenas fomos educadas ao recusar o "convite" e olhamos uma para outra sorrindo. Acho que estávamos pensando a mesma coisa.

Fomos aos tropeços pedindo informações até que achamos uma estação de metrô. O último trem estava a postos, abarrotado de gente. Pulamos as catracas e num risco subimos para o nosso destino. Havia um homem, mais ou menos quarenta anos, cabelo escuro, baixinho e falante. Parecia estar conversando com duas mulheres sentadas a frente dele.

Ele falava em português e eu e ela quietinhas escutando. Poderia valer a pena. Conversava alto e sobre algumas coisas de seu trabalho. As mulheres apenas riam com dentes brilhantes e brancos. Quase como propaganda de pasta de dente. Pouco depois fomos surpreendidas com um comentário dele. Ouvimos algo como "olha estas duas branquelas aqui do meu lado, parecem uns peruzinhos".

Olhei para ela, ela olhou para mim. As mulheres gargalhavam a nossa frente. Ele percebeu que havíamos entendido a sua piada. Muito sem jeito perguntou da onde éramos e, quando falamos com todo o orgulho que éramos gaúchas, as portas do metrô se abriram para a nossa salvação. Saltitamos até o chão firme. Risadas e conversas altas nos deixavam lá atrás.





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